domingo, 11 de julho de 2010

Casillas comemora título beijando seus dois amores: a taça e Sara


Casillas foi personagem de um dos momentos mais emocionantes da final da Copa: antes mesmo do apito final de Howard Webb, ele chorava em campo. Depois que o jogo terminou, com vitória da Espanha por 1 a 0 sobre a Holanda, ele trocou as lágrimas pelo sorriso, enquanto levantava o troféu de campeão mundial, depois de beijá-la.

A taça não foi a única a ser beijada pelo capitão neste domingo. Enquanto dava entrevista para a sua namorada, a repórter de TV Sara Carbonero, Casillas se emocionou ao falar da família. Ouviu um "não tem problema, vamos falar do jogo" e em seguida tascou um beijo na boca dela, saindo em seguida.

Curiosamente, momentos antes, o goleiro se recusara a falar da polêmica que o perseguiu durante a Copa, já que ela esteve nos jogos da seleção espanhola e foi até acusada de tirar a concentração dele.

- É um assunto pessoal, que não entra em jogo. A melhor resposta que eu poderia dar é essa - disse o jogador, se referindo à conquista do título.

Decisivo para a vitória


Nas horas que antecederam os dois beijos, em Sara e na taça, Casillas só teve olhos para a bola. Para a dama que o transformou em um dos grandes goleiros do mundo e, desde este domingo, no maior do seu país. Esqueceu sua namorada atrás do gol e pareceu esquecer-se de todo o resto. Os olhos permaneceram sempre vidrados na bola. Ficaram embaçados apenas por um instante, no gol do título inédito. Choro compulsivo de alegria.

- É uma emoção muito grande. As pessoas dizem que tenho sorte. Pode ser. Foram lágrimas de emoção e de alegria.

O gol foi de Iniesta, na etapa final da prorrogação. Mas as bolas decisivas, ainda no tempo normal, foram de Casillas. Do lado holandês o super-herói chamava-se Robben. O atacante mais perigoso da Holanda foi o homem que teve, por duas vezes em seu pé esquerdo, um título mundial inédito. Em ambas encontrou sua criptonita: Casillas, que foi eleito o melhor goleiro do Mundial.

Na primeira, o holandês recebeu passe de Sneijder, entrou na área sozinho e teve tempo de sobra para escolher o canto. Mas que canto? Quanto mais ele se aproximava, menos via espaços, mais via Casillas. Chutou na direita e a bola explodiu no pé do capitão espanhol.

Aos 37 do segundo tempo, quando Puyol perdeu na corrida para Robben, de novo restava apenas Casillas. Robben descobriu, então, que superá-lo era a parte mais difícil. Desta vez, arriscou o drible e, quando percebeu, o goleiro já estava abraçado com a bola.
Ela só o traiu uma vez, quase o encobrindo em uma devolução banal dos holandeses. Talvez para mostrar que merece atenção, seja qual for a situação. Casillas entendeu o recado. E sempre que ela vinha, ele a abraçava ou, com a ponta dos dedos, pedia que ela não o vazasse nesta noite. Pacto feito, fidelidade mantida.

- Todos os jogadores sonham levantar essa taça - disse Casillas, depois de dar o primeiro beijo da noite. - Sempre pensamos que para a Espanha era impossível. Mas demos um passo com a Eurocopa e outro com o Mundial.

sábado, 10 de julho de 2010

Em jogo de duas viradas, Alemanha bate Uruguai e fica em terceiro lugar


Com a chuva fina caindo em Porto Elizabeth e uma longa lista de conquistas no currículo, a Alemanha bem que podia ter entrado em campo disposta apenas a cumprir tabela neste sábado. Não foi bem assim. Do outro lado do campo, havia um Uruguai faminto pela vitória, e o que se viu na disputa do terceiro lugar foi um jogo de cinco gols e duas viradas. Com 3 a 2 e um travessão salvador aos 48 do segundo tempo, a Alemanha é a dona do bronze na África do Sul.

O meia Müller, que voltou após cumprir suspensão na semifinal, abriu o placar para os alemães, mas Cavani e Forlán viraram para o Uruguai. Jansen empatou de novo, e coube ao volante Khedira fazer o gol da vitória. O goleiro uruguaio Muslera, herói nas quartas de final contra Gana, falhou duas vezes. Forlán teve a chance de empatar o jogo no último lance, mas cobrou uma falta no travessão para, em seguida, ouvir o apito final do juiz. A partida terminou, e Klose continuava no banco, de agasalho. Sentindo dores nas costas, o atacante não entrou e manteve seus 14 gols em Copas, um a menos que o recorde de Ronaldo Fenômeno.

O resultado deste sábado no estádio Nelson Mandela Bay estica a fama do polvo Paul, que segue com aproveitamento de 100% nos palpites. Para a grande final deste domingo, às 15h30m, o molusco apostou na Espanha para derrotar a Holanda no Soccer City e se tornar a oitava seleção campeã na história dos Mundiais.

O jogo

Noite de sábado caindo, aquela chuvinha antes do jogo, disputa de terceiro lugar... apesar do cenário favorável para um jogo de compadres, a pinta de amistoso foi por terra logo aos cinco minutos, quando o alemão Aogo apresentou as travas da sua chuteira à canela de Perez. Cartão amarelo para abrir os trabalhos.

No lance seguinte, mais um, para o brasileiro Cacau, que desviou com a mão uma falta cobrada por Forlán. Apesar dos cartões, a Alemanha ensaiou seu gol aos nove. Özil bateu escanteio, e Friedrich cabeceou no travessão de Muslera, que ainda salvou a Celeste na sobra, ao defender a conclusão de Müller.

O meia e o goleiro, aliás, escreveriam mais um capítulo juntos dez minutos depois. Antes disso, no entanto, abram alas para uma bomba de Schweinsteiger. Aos 19, o camisa se viu sozinho no meio de campo e – por que não? – soltou o foguete de pé direito. Botou a Jabulani para voar a 117km/h e, aí sim, houve o tal reencontro: Muslera bateu roupa, e Müller, sozinho, pegou o rebote para abrir o placar. Enquanto os zagueiros levantavam os braços para pedir um impedimento que não existiu, a Alemanha festejava o 1 a 0.

Aí foi a vez de o Uruguai ensaiar seu gol. Aos 24, Forlán pegou uma sobra na área de cabeça, mas Mertesacker esticou a perna para tirar. Na cobrança do escanteio, Cavani desviou, e Friedrich tirou na pequena área.

Aos 28, não era mais preciso ensaiar. Pérez, o carrapato que durante toda a Copa torrou a paciência dos adversários, deu um bote em Schweinsteiger no meio de campo. Roubou-lhe a bola e, quase caindo, encontrou Suárez para puxar o contra-ataque. O passe para Cavani foi açucarado, e o atacante, na saída de Butt, balançou a rede: 1 a 1.

Com tudo igual em Porto Elizabeth, a chuva cuidou de esfriar o jogo. Só aos 41 o Uruguai teve outra chance, com Suárez sozinho na área chutando para fora. Estava de bom tamanho para o primeiro tempo.

No início da segunda etapa, voltou a fome de gols. E a virada sul-americana veio com estilo. Aos cinco, Arévalo Rios tabelou com Suárez pela direita e cruzou para Forlán, que emplacou um lindo voleio no canto de Butt. Golaço.

A festa celeste só durou seis minutos, porque aos 11 Muslera entregou de novo. O goleiro saiu catando borboleta no cruzamento de Boateng, e Jansen cabeceou para o gol vazio. Tudo igual outra vez, 2 a 2.

Klose continuava no banco, e de fato estava sem condições de jogo, porque o técnico Joachim Löw foi lançando outros jogadores em campo. Primeiro foi Kiessling, que substitui Cacau. Depois, Kroos entrou no lugar de Jansen. Por fim, Tasci na vaga de özil. Mas quem decidiu foi o volantão Khedira. Ele estava na hora certa e no lugar certo aos 37 minutos. Após o bate-rebate na área, cabeceou para o fundo da rede, sem chances para Muslera, e fez o gol da vitória alemã.

Kiessling podia ter ampliado para 4 a 2, mas perdeu um gol incrível, sozinho no meio da área, isolando a bola por cima do travessão. Oscar Tabárez, então, tentou sua última cartada ao lançar Loco Abreu no lugar de Cavani. Não deu certo. Quem teve a chance de ouro - ou de bronze - para empatar no último minuto foi Forlán. O camisa 10 cobrou falta aos 48, mas a Jabulani explodiu no travessão.

Era a senha para o mexicano Benito Archundia levar o apito à boca e dar o jogo por encerrado. Apesar da campanha surpreendente, os uruguaios não esconderam a decepção. Alguns chegaram a se ajoelhar em campo, frustrados. E viram passar, correndo, alemães eufóricos com o terceiro lugar.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Enfurecida! Espanha desbanca Alemanha e vai à final da Copa


Que soem sem parar as castanholas, que touro e toureiro façam as pazes, que o madrileno, o catalão e o basco compartilhem o mesmo abraço, porque a Espanha, pela primeira vez, está em uma final de Copa do Mundo. A Fúria mostrou sua raiva, “La Roja” apresentou o vermelho de seu sangue, a seleção de Vicente del Bosque jogou demais para vencer a Alemanha por 1 a 0 nesta quarta-feira, em Durban, e garantir presença na grande decisão pela primeira vez. O planeta espera um campeão inédito: Espanha e Holanda, domingo (às 15h30m de Brasília), no Soccer City, decidirão quem passa à turma dos vencedores.

Xavi foi escolhido o craque do jogo, mas foi de Puyol, gigante na defesa, o gol da classificação. Foi no segundo tempo, de cabeça, em um lance emblemático para um dos símbolos de uma geração que tenta matar a fome de títulos dos espanhóis. A Alemanha, bem menos brilhante do que contra Inglaterra e Argentina, agora lutará pelo terceiro lugar. O jogo é sábado, em Porto Elizabeth, contra o Uruguai.

Espanha espanhola, Alemanha alemã

Por alguma dessas mágicas que só o futebol tem, o primeiro tempo do jogo em Durban acabou com a brincadeira de troca de papéis que Alemanha e Espanha faziam na Copa do Mundo. Foi uma Espanha espanhola, com qualidade, bola na pé, superioridade técnica, diante de uma Alemanha alemã, compacta, matemática na distribuição de seus jogadores, mas sem aquele brilho que apresentou para cegar adversários como Inglaterra e Argentina. Pertenceu à Fúria a etapa inicial no Moses Mabhida.

Faltou o gol à Espanha. E faltou aquele encaixe final que vem rendendo goleadas à Alemanha. “La Roja” usou seu jeitão de coletividade fominha para ser melhor nos primeiros 45 minutos. Jogou como o moleque que é dono da bola nas peladas de rua: é dele e ninguém tasca - teve 57% da posse, com seis chutes a gol, contra apenas um da Alemanha. Desta vez, a Fúria teve o acréscimo de Pedro, prodígio do Barcelona, bem mais participativo do que vinha sendo Fernando Torres. É uma engrenagem de meter medo: Pedro, Xavi, Xabo Alonso, Sergio Ramos, Iniesta (parece que há uns 17 Iniestas em cada centímetro do campo), todos em busca de David Villa, a peça final.

Peça final, susto inicial. Eram cinco minutos de jogo quando Pedro encontrou Villa em condições de marcar. O artilheiro do Mundial recebeu e preparou o bote. Quando percebeu, viu Neuer se agigantando na frente dele. O chute do craque espanhol foi abafado pelo goleirão da Alemanha. A seleção de melhor futebol até as semifinais da Copa recebia o primeiro aviso de que a Espanha pretendia encerrar o período de hibernação futebolística.

Seguiu dando Fúria. Aos 13 minutos, Iniesta (ou um dos 17 que ocupam cada centímetro do campo) cruzou da direita. Puyol subiu bonito, subiu alto, subiu como sobem os zagueiros que marcarão o gol. O cabeceio dele foi um tiro. Mas a bala foi perdida. A bola passou por cima do gol de Neuer, gerando um “uh” coletivo – no Moses Mabhida, na Alemanha, na Espanha, sabe-se lá em quantos lugares do mundo.

A Alemanha, aos poucos, foi controlando o ânimo espanhol. “La Roja” viu suas ameaças ficarem mais raras. O problema para os tricampeões foi a incapacidade de encontrar a mesma criatividade de outros jogos – talvez a ausência de Müller, suspenso, seja a maior culpada. Houve pelo menos três lances em que os germânicos partiram para o contra-ataque com o veneno habitual. Mas se enrolaram nas próprias pernas. A Alemanha ficou resumida a cruzamentos para área, um chute de Trochowski defendido por Casillas e um pênalti reclamado por Özil, que deixou a perna para ser tocado por Sergio Ramos na entrada da área.

As rugas de Puyol na bola: Espanha na final!

O jogo recomeçou do jeito que parou, mas em versão acelerada. A Espanha pisou no segundo tempo ainda mais superior do que no primeiro. Foi uma coleção de chances de gol. Na primeira, Pedro passou por meio time da Alemanha e rolou para Xabi Alonso, que bateu mal. Na segunda, o jogador do Real Madrid teve nova chance, desta vez ao receber passe de Xavi, e voltou a errar. Na terceira, Villa bateu colocado, no cantinho esquerdo de Neuer, com muito perigo. Na quarta, a bola não entrou porque é teimosa mesmo.
Foi aos 12 minutos. A Espanha se aproximou da área alemã em bloco, trocando passes com precisão milimétrica, como se fosse a ação mais natural do mundo. A bola chegou até Pedro, que mandou a patada. Neuer espalmou, mas a jogada teve sequência logo depois, com Iniesta. O meia do Barcelona avançou pela esquerda, chegou à linha de fundo, já dentro da área, e mandou uma pancada como cruzamento. David Villa tem 1,75m. Se tivesse 1,76m, teria feito o gol. Esticar cada osso do corpo em um carrinho não foi suficiente para o goleador deixar sua marca.

A Alemanha até tentou mostrar que não estava dormindo. Klose recebeu cruzamento e encaixou o corpo para emendar voleio. O chute foi por cima. Mas a Espanha logo reagiu. Sergio Ramos entrou de surpresa na área alemã e quase completou cruzamento de Alonso.

A Alemanha, tão pressionada, resolveu dar um grito de que encrencaria o jogo. Kroos apareceu pela direita e mandou uma pancada em diagonal. Casillas salvou. Parecia que os tricampeões acordariam. E foi aí que mergulharam no sono da eliminação. Aos 27 minutos, Xavi cobrou escanteio e Puyol subiu. Lembra dele? Lembra do zagueiro que, no primeiro tempo, subiu bonito, subiu alto, subiu como sobem os zagueiros que marcarão o gol? Neuer, o goleiro da Alemanha, vai lembrar por todo o sempre. As rugas da testa do jogador de 32 anos estão eternizadas na bola. Golaço.

A Espanha ainda poderia ter chegado ao segundo gol, mas Pedro preferiu enfeitar o lance em vez de fazer o passe a Torres, que acabara de substituir o artilheiro Villa. Mas não fez falta, e o resto é alegria e tristeza. Alegria de uma seleção que alcança um feito inédito. Tristeza de uma seleção que jogou bonito, que encantou o mundo, mas que, desta vez, não estará na final. Espanha ou Holanda, Holanda ou Espanha. O grupo dos campeões mundiais terá um novo integrante no domingo.

sábado, 3 de julho de 2010

Artilheiro David Villa avisa que não tem medo da Alemanha


David Villa, o salvador da pátria espanhola, autor do gol da vitória de 1 a 0 sobre o Paraguai neste sábado, sabe que estará diante do maior desafio de sua carreira na próxima quarta-feira. Ele irá a campo contra a Alemanha, pelas semifinais da Copa do Mundo, munido do papel de protagonista da Fúria. São os frutos dos cinco gols que ele já marcou no Mundial – é o artilheiro isolado da competição. E, desde já, o camisa 7 avisa que não tem medo da Alemanha, embalada por goleadas sobre Inglaterra (4 a 1) e Argentina (4 a 0).

- Respeitamos, mas não temos medo. Em um campo de futebol, não se pode ter medo. Para mim, é uma das equipes mais fortes do Mundial, mas podemos superá-la – disse o jogador.

A Espanha, pela segunda vez em sua história, está entre os quatro melhores times de uma Copa do Mundo. Pode parecer um feito histórico, mas é pouco diante da expectativa criada em torno da seleção. Villa já mostra fome de ir à decisão.

- Conseguimos o primeiro objetivo que tínhamos quando pisamos nessa terra. Agora, vamos pensar na final.

A partida marcará o reencontro entre as duas seleções depois da decisão da Eurocopa de 2008. Na ocasião, deu Espanha, com gol de Fernando Torres.

- Vamos torcer para que não seja uma revanche. Espero que ganhemos e cheguemos à final – disse Villa.

Podem comprar televisão, hermanos: Alemanha goleia o time de Maradona


A torcida argentina comemorou bastante a eliminação do Brasil na sexta-feira, mas a festa dos hermanos não durou mais que um dia. Desta vez, a Alemanha não precisou de pênaltis e nem de sofrimento, como em 2006: sem dar chances ao time de Diego Maradona, os alemães aplicaram um chocolate inapelável por 4 a 0 na Cidade do Cabo e estão classificados para a semifinal da Copa do Mundo. Como disse o diário “Olé” para os brasileiros, os argentinos agora também podem comprar uma televisão para assistir ao restante do Mundial no conforto do sofá de casa.

Maradona desfilando sem roupa no Obeslico em Buenos Aires? Fica para a próxima
Na última Copa, a Alemanha também eliminou a Argentina nas quartas de final, mas com uma sofrida decisão por pênaltis. Neste sábado, no Green Point, não deu nem tempo de roer as unhas: Müller abriu o placar antes do terceiro minuto de jogo e fez o gol mais rápido do torneio na África do Sul. Depois recebeu um cartão amarelo e está fora da semifinal. Klose marcou duas vezes e agora tem 14 em Copas, um a menos que o recorde de Ronaldo. O zagueiro Friedrich também deixou o seu. Schweinsteiger não marcou, mas foi o maestro do time e acabou sendo eleito o melhor da partida pelos internautas no site da Fifa.
A torcida argentina era maioria no estádio, mas quem riu por último foi o meia Michael Ballack, que ficou fora da Copa por contusão, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ambos presentes no estádio. Melhor jogador do mundo em 2009, Lionel Messi teve atuação apagada e deixou a competição sem nenhum gol marcado.

A seleção de Joachim Löw agora espera o vencedor de Paraguai x Espanha, ainda neste sábado, às 15h30m, para saber quem será seu rival na próxima quarta-feira, em Durban, pela semifinal. Um dia antes, Uruguai e Holanda decidem na Cidade do Cabo o primeiro finalista.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Brasil perde para a Holanda e é eliminado de novo nas quartas


Em toda a sua preparação e durante a Copa do Mundo na África do Sul, a seleção brasileira se esforçou em adotar uma filosofia diferente da utilizada em 2006. Por ironia, o resultado foi o mesmo: derrota para uma seleção europeia e eliminação nas quartas de final. No lugar da França, o algoz foi a Holanda. E Sneijder tomou de Henry o posto de carrasco, participando do lance do primeiro gol e marcando o segundo na vitória por 2 a 1, de virada, nesta sexta-feira.

Foi ele o eleito o melhor em campo no estádio Nelson Mandela Bay, em votação popular no site da Fifa. Pelo primeiro tempo, ficou a impressão de que dificilmente o escolhido deixaria de ser um brasileiro. A seleção dominou a Holanda, marcou seu gol (com Robinho) logo no início, criou lances bonitos e foi pouco ameaçada. A partida após o intervalo, no entanto, foi outra. O Brasil falhou na defesa, seu setor mais elogiado, esteve acuado, quase não chegou ao ataque e demonstrou instabilidade emocional. E viu mais um jogador seu ser expulso na competição, depois que Felipe Melo deu um pisão em Robben.

A eliminação em Porto Elizabeth representa um duro golpe na era Dunga como técnico. A seleção vinha acumulando bons resultado - como os títulos da Copa América e da Copa das Confederações, a primeira colocação nas eliminatórias e vitórias expressivas sobre adversários de peso - mas fracassou em sua principal missão, a conquista do hexacampeonato. Os brasileiros, que receberão a Copa de 2014, voltam para casa com uma campanha de três vitórias, um empate e uma derrota.

A Holanda, que acumulou sua quinto triunfo consecutivo na Copa e agora soma 24 partidas de invencibilidade, enfrentará Gana ou Uruguai na semifinal, em partida na próxima terça-feira, às 15h30m (de Brasília), na Cidade do Cabo. E se vinga das eliminações nas edições de 1994 e 1998, as duas últimas vezes em que havia cruzado com o Brasil em Mundiais

terça-feira, 29 de junho de 2010

Espanha fura bloqueio defensivo de Portugal e vence duelo ibérico


No duelo ibérico mais importante da história, a criatividade prevaleceu sobre a eficiência defensiva. A Espanha dominou Portugal durante todo o jogo na Cidade do Cabo e, se venceu por apenas 1 a 0, foi porque o goleiro Eduardo evitou um resultado mais amplo. David Villa marcou o gol da partida, seu quarto na Copa do Mundo, e se juntou ao argentino Higuaín e ao eslovaco Vittek como artilheiros da Copa do Mundo.

Após um início ruim na competição, com derrota para a Suíça, a Espanha teve um desempenho mais compatível com seu status de campeã europeia. Agora vai enfrentar o Paraguai nas quartas de final, em partida às 15h30m (de Brasília) de sábado, no estádio Ellis Park, em Joanesburgo. Portugal, que sempre contou com grande torcida na Cidade do Cabo, despede-se da África do Sul após sofrer um único gol em quarto partidas. Xavi foi eleito o craque do jogo, em votação popular no site da Fifa.

Blitz espanhola no início

Diante do ótimo desempenho defensivo de Portugal neste Mundial, os espanhóis entraram em campo dispostos a não dar tempo para o adversário respirar e se arrumar em campo. Foi uma blitz. Em 12 minutos, tiveram 70% de posse de bola e concluíram quatro vezes a gol, em três delas obrigando Eduardo a espalmar a bola. A defesa lusa cometia erros bobos de marcação, permitindo até que Torres recebesse passe rasteiro numa cobrança de escanteio e virasse para chutar sem dominar a bola.

Até então apagado na competição, o atacante do Liverpool ainda sofreu um pênalti não marcado, numa das vezes em que ficou mano a mano com Coentrão na ponta. Os 12 minutos iniciais foram um resumo da Espanha na Copa, com muita presença ofensiva e pouca eficiência na finalização. Portugal se segurou e ajustou sua marcação, não passando por outro susto até o intervalo. A Espanha virava a bola de um lado para o outro, buscava acionar Villa e Torres nas pontas, mas falhava no passe que acionaria os atacantes pelo meio.

Portugal demorou a acertar sua saída de bola, o que levou até Pepe a discutir com Eduardo, pedindo que o goleiro não desse mais chutões para frente. O meio-campo pouco criava, e no ataque Cristiano Ronaldo era bem marcado, irritando-se com a arbitragem de Hector Baldassi, que deixava o jogo correr. Seus companheiros tampouco ajudavam: Simão foi uma figura nula, e Hugo Almeida mais trapalhou do que ajudou.

Não por acaso, Liedson e Danny começaram no banco de reservas o aquecimento por volta dos 30 minutos. A essa altura, eles já haviam visto o time testar a insegurança de Casillas por duas vezes, em chute de Tiago e numa cobrança de falta de Cristiano Ronaldo. Outra boa possibilidade de ataque que surgiu, já no fim da primeira etapa, foi o cruzamento da esquerda para a área. Hugo Almeida não cabeceou em cheio no primeiro lance, e Tiago concluiu para fora no segundo.

Espanha consegue chances sucessivas


O início da segunda etapa teve uma Espanha com sua tradicional paciência, trocando passes em busca de uma situação clara de ataque. Mais preocupado em defender, Portugal conseguiu apenas uma jogada isolada aos seis minutos, em que Puyol desviou de joelho um passe de Hugo Almeida e quase marcou contra.

Os dois técnicos resolveram mexer em seus times ao mesmo tempo, aos 13 minutos. Vicente del Bosque trocou Torres por Llorente, e Carlos Queiroz substituiu Hugo Almeida por Danny. A Espanha passou a ser mais contundente a partir daí. Logo aos 15, o próprio Llorente perdeu boa chance, numa jogada pouco comum da Espanha - um cruzamento de Sergio Ramos da intermediária. Em seguida, Villa arriscou de fora da área, com estilo, e quase marcou.

As chances se sucediam, e aos 17 minutos veio o gol. E bem ao estilo espanhol: uma rápida troca de passes, com Xavi usando o calcanhar para deixar Villa na cara de Eduardo. Também ao estilo espanhol foi a conclusão, sofrida: o atacante precisou chutar duas vezes para encontrar a rede, marcando pela quarta vez na Copa. Foi também a primeira vez que Eduardo buscou uma bola em sua meta, acabando com a invencibilidade da defesa de Portugal.

Em desvantagem no placar, Portugal pouco fez até o fim da partida para buscar o empate. Foi a Espanha, na verdade, que esteve mais perto de um gol. E só não fez o segundo porque esbarrou em Eduardo, que fez difícil defesa em chute cruzado de Sergio Ramos e espalmou com plasticidade uma bomba de Villa. Especialista em manter a posse de bola, a Espanha praticamente pôs na roda o adversário, que não encontrou forças para uma marcação mais eficiente. E os portugueses ainda tiveram Ricardo Costa expulso no fim, por um lance na área com Capdevilla.